Covardia

'Tortura', classifica delegado sobre morte de criança em Niterói

Pai da menina foi preso acusado pelo crime de homicídio

Ilias Olachegoun Adeniyi Adjafo, de 30 anos, pai da vítima e acusado pelo crime
Ilias Olachegoun Adeniyi Adjafo, de 30 anos, pai da vítima e acusado pelo crime |  Foto: Lucas Alvarenga

A Polícia Civil classificou a morte da pequena Aoulath Alyssah Rodrigues Damala, de 8 anos, como tortura. 

O delegado Willians Batista, titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, disse na manhã desta terça-feira (12), que nunca viu algo parecido em dez anos de profissão.

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Segundo Batista, há indícios de que as agressões cometidas pelo pai da vítima, Ilias Olachegoun Adeniyi Adjafo, de 30 anos, contra a menor, ocorriam há um tempo. Ele foi preso.

"O que nós temos é que ele, claramente, agrediu a filha diversas vezes. Eu posso dizer que em dez anos trabalhando como homicídio, nunca tinha visto aquela intensidade de lesões. Haviam lesões espalhadas pelo corpo inteiro dela. Conseguimos confirmar com o perito legista que não foram apenas lesões ocorridas no dia de ontem, o que indica que ela já havia sofrendo esse tipo de tortura", disse.

Willians Batista, delegado da DH, responsável pela investigação do caso
Willians Batista, delegado da DH, responsável pela investigação do caso |  Foto: Lucas Alvarenga

Versões

De acordo com o delegado, o pai não confessou o crime, mas testemunhas relataram duas versões dele.

"A primeira foi que a menina teria furtado alguma coisa na escola, e o fato foi comunicado por uma professora e ele teria corrigido a filha. Já para um médico do Samu, disse que havia agredido um pouco a filha, mas não é o que mostra o laudo. O que aconteceu não foi uma correção, foi uma prática de tortura", afirmou o delegado Willians Batista.

Quem é a família?

Apesar da família ser do Benin, a criança é brasileira e morava apenas com o pai na comunidade Boa Vista, no bairro São Lourenço.

A mãe da criança é dentista e chegou no Rio de Janeiro, em 2008. Atualmente, ela mora em São Paulo, e veio para o Rio após saber da morte da filha. A mulher prestou depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói.

Acusado estudava Engenharia de Petróleo

De acordo com Mario Undiga, primo da mãe da criança, o pai da criança estava no Brasil desde 2014 e era estagiário de engenharia na Universidade Federal Fluminense (UFF).

Conforme o Sistema de Transparência da UFF, consultado pelo ENFOCO, Ilias ingressou no Curso de Engenharia de Petróleo, em 2015. No site, consta desvinculação em 2019, após reprovações no período.

Procurada, a UFF disse que "o ex-estudante em questão foi desligado da universidade em janeiro de 2020 devido a duas reprovações ocorridas nos anos anteriores. Portanto, ele não apresenta vínculos com a universidade desde este período, inclusive estágio".

Ferimentos graves

A polícia afirma que a criança tinha ferimentos de ação contudentes nas costas, no tórax, nos braços e no rosto. No local, eles encontraram um cinto, que teria sido usado para espancar a criança.

Ilias foi preso em flagrante pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil, praticado por meio de tortura, por ascendente, e contra menor de 14 anos. 

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